Stallman vs. software proprietário: O debate que moldou a era digital

A influência de suas críticas no mercado de tecnologia

A primeira manifestação da cruzada de Richard Stallman contra o software proprietário ocorreu ainda na década de 80, durante seu trabalho no MIT. A raiz do problema foi a decepção de Stallman com a tendência contínua ao fechamento do código fonte dos programas, o que os tornava inalteráveis e incompatíveis. O exemplo característico é o caso da impressora de Xerox, instalada no mesmo laboratório do MIT, cujo código não podia ser mudado mesmo para eliminar os erros óbvios de funcionalidade. Devido ao paradoxo similar, no mesmo tempo, Stallman lançou o Projeto GNU e formou a FSF.

Stallman acredita que o software proprietário viola direitos humanos básicos e que os usuários merecem ser quem controlam a tecnologia, não o contrário. Esta acusação abrange uma série de questões éticas e políticas envolvidas no uso da tecnologia que varia com a vigilância e o monopólio do mercado digital de programa a uma função de obsolescência planejada e a censura do agente particular dos dados.

O posicionamento radical de Stallman teve um impacto significativo não apenas no desenvolvimento do movimento do software livre, mas levou ao surgimento do movimento do código aberto posteriormente. O movimento do código aberto, ao contrário de seu predecessor, se recusou a fundamentar seu trabalho em princípios éticos radicais, acabou adotando uma abordagem mais orientada a negócios e a princípios “pragmáticos”, mas também evoluiu do mesmo fundamentos éticos gerais em relação ao software proprietário. Como resultado das críticas públicas de Stallman, as empresas desenvolvedoras tiveram que repensar suas táticas. A Microsoft, que historicamente foi a maior adversária da comunidade do software livre, foi forçada a adotar licenças de código aberto, bem como a começar a contribuir com alguns projetos.

Stallman influenciou decisões de políticas públicas e legislativas. Em diversos países a legislação começou a versar sobre o uso de software aberto em escolas, tribunais, repartições públicas e sistemas críticos de infraestrutura. A crítica de Stallman ao software proprietário também antecipou discussões contemporâneas sobre big techs, a exemplo do monopólio da Apple sobre sua loja de aplicativos (app store) ou a coleta de dados por Google e Facebook.

Vale ressaltar que a atitude de Stallman não se limitou a uma questão técnica: foi — e é — filosófica e política. E mesmo quando sua retórica é considerada por alguns — inclusive simpatizantes do software livre — até mesmo rígida, é inegável que suas ideias teriam marcado uma expressão da cultura digital contemporânea.


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